segunda-feira, 14 de outubro de 2013

DE: RUBENS DE CASTRO (Flor dos Aguaçais)

                                                    O HOMEM
       Essa explosão de células que anima
       Nosso corpo tão frágil e mesquinho,
       Nada possui de nobre que a redima
       Da sina de trilhar o seu caminho!

 
       Veio do pó, e dele se aproxima
       Cada dia que passa, em torvelinho,
       Como o culpado que a justiça intima,
       A escalar, passo a passo, o pelourinho!

 
       O espírito somente é que é divino!
       De sinfonia humana – é o violino,
       O lírio que no pântano descerra!...

 

       Mas, a verdade é força e rompe véus...
       Se o corpo é um verme que rasteja a terra,
       A alma é um cisne que demanda os céus!
                             Rubens de Castro

               O MONSTRO E A HERA

      Habita no meu peito um monstro informe
      Que é sedento e feroz como um chacal;
      E por mais que o domine e me transforme;
      Não consigo extirpar tão grande mal!...

      E junto à fera, que enjaulada, dorme,
      Sem que ela ao menos pressentisse tal,
      Plantei a hera, que mais tarde, enorme,
      Há de prender-lhe o corpo com o ramal!

      A fera é todo o mal que em nós trazemos...
      E a hera é todo o bem que cultivamos
      No recesso do ser, e que não vemos!

      E a Deus imploro como bom cristão,
      Para o monstro do mal morrer nos ramos
      Do bem que existe no meu coração
                   Rubens de Castro


 "Rubens de Castro nasceu em Lençóis, Estado da Bahia, a 3 de julho de 1915. Veio para Cuiabá, onde se casou. Mais tarde fixou residência em Corumbá. Dirigiu, com João Antônio Neto e Agenor Ferreira Leão, o jornal literário Ganga"

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