quarta-feira, 7 de julho de 2021

 Adelaide Amaral


ARTISTA, tua voz é a melodia
De Sorrento nas veigas perfumosas;
É teu riso o esfolhar de brancas rosas,
Voar do cisne errante da poesia!


Quando gemes, o arcanjo da harmonia
Colhe em teus lábios flores odorosas,,
E do teu pranto as gotas preciosas
São estrelas de luz n'alva do dia.


A Camélia esfolhada sobre o dorso
Do mar da vida, em ondas de sarcasmo,
A Hebréia, condenada sem remorso...


Tudo sublimas, tudo... eu digo em pasmo:
"Gênio, gênio... inda mais... supremo esforço
Das mãos de Deus no ardor do entusiasmo".

Soneto Dulce!


Se houvesse ainda talismã bendito

Que desse ao pântano - a corrente pura,

Musgo - ao rochedo, festa - à sepultura,

Das águias negras - harmonia ao grito...,


Se alguém pudesse ao infeliz precito

Dar lugar no banquete da ventura...

E tocar-lhe o velar da insônia escura

No poema dos beijos - infinito...,


Certo. . . serias tu, donzela casta,

Quem me tomasse em meio do Calvário

A cruz de angústias que o meu ser arrasta!. . .


Mas ,se tudo recusa-me o fadário,

Na hora de expirar, ó Dulce, basta

Morrer beijando a cruz de teu rosário!...






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